domingo, 7 de outubro de 2012

definitely. . . death in Venezuela




expressão triste e sofrida nos olhos de María Elena, capturada num retrato gigante, fixado num muro, no centro da cidade, não passa despercebida.

Ela perdeu três dos seus filhos, Erasmo, Norka e Wilmer, entre 1999 e 2008, como resultado da onda implacável de violência que castiga a Venezuela.

“Lembro os meus filhos todos os dias”, diz María Elena, de 57 anos, moradora de Petare, um dos bairros mais perigosos da capital venezuelana. “Preparo a mesma quantidade de arepas (empadões de milho tradicionais)que fazia quando estavam vivos.”


Rostos de mães foram "espalhados" para chamar a atenção contra a violência na Venezuela



 A cidade de Caracas, na Venezuela, amanheceu, coberta com os rostos de 52 mães que perderam um ou mais filhos por conta da violência que atinge diferentes regiões do país, incluindo a própria capital. A exposição urbana faz parte do projeto Esperanza. O projeto foi inspirado no movimento “Inside Out”, do artista francês JR, num total de 52 retratos de mães entre 30 e 70 anos e nenhuma delas identificada pelo nome.


As jornalistas venezuelanas  María Fernanda Pérez, 27 anos, Mariana Cadenas, 28, e Carolina González, 28, lançaram o Projeto Esperança, que usa imagens das mães de vítimas da violência, como María Elena, para dar uma face à tragédia.

“Há tantas mortes por ano que parece que as pessoas quase se acostumaram, talvez por uma questão de sobrevivência”, reflete María Fernanda. “Mas não podemos encarar com tanta frivolidade. Não são apenas números que aparecem nos jornais, são pessoas com dramas reais.”

Na Venezuela, exposição na rua traz fotos de 52 mães que perderam filhos por conta da violência do país

Os rostos foram expostos por meio de grandes fotografias em preto e branco fixadas em muros da capital. A iniciativa do francês JR, chama a atenção de quem passa pelos locais onde as obras são expostas, pois mostra pessoas desconhecidas marcadas por verdadeiros dramas pessoais.

“Quando você perde um filho, passa a olhar o sol com indiferença. Esse sol que sai todos os dias ainda que queira ficar às escuras. Esse sol é indiferente à nossa dor e nos mostra que a vida segue ainda que estejamos mortas”, declarou Bebeka Pichardo, uma das personagens do ensaio, que perdeu seu filho de 24 anos em 2010.



Entre as mulheres que foram retratadas pelo artista, há um sentimento comum de que o país ofereça mais segurança e justiça para seus cidadãos. Muitas mães perderam seus filhos há anos e nem ao mesmo sabem se estão mortos ou sequestrados em algum lugar.



“Meu filho desapareceu há oito anos e durante todo este tempo não pudemos averiguar se ele está vivo ou morto. Amanhece, escurece e mantenho a esperança de receber uma boa notícia”, contou Carmen González de Vargas, cujo filho de 27 anos desapareceu em 2003.

“Tenho esperanças de que chegará o dia em que tudo mudará e caminharemos em direção à Justiça. Quero trabalhar de uma maneira incondicional na busca por Justiça, pela paz e pelo respeito aos direitos humanos, porque não temos que ser advogados para defender nossos direitos”, completou Elizabeth Cordero Mariño, que perdeu seu filho de 26 anos em 2005.





Henrique Capriles, no seu programa às eleições de hoje sublinhou que, na Venezuela, morre uma pessoa a cada 30 minutos devido à violência e há um sequestro em cada oito horas que passam.

Números oficiais registam 19.000 assassinatos na Venezuela em 2011, o que indica uma taxa de homicídio de 67 por 100.000 habitantes no país. Em Caracas, a taxa de homicídio foi de 108 por 100.000 habitantes, segundo o mesmo relatório.

93% das vítimas de homicídio em Caracas são homens entre 15 e 24 anos de idade e 90% dos assassinatos envolveram armas de fogo.


“A impunidade, as mais de 10 milhões de armas ilegais em circulação pelo país e os corpos policiais corruptos são algumas das causas da insegurança na Venezuela”, acrescenta Briceño León, director da ONG Observatório Venezuelano da Violência (OVV), que diz ter havido “aumentos sucessivos” na falta de segurança desde 1998, quando 4.550 homicídios foram registados.


Mais de 90% dos assassinatos no país de 29 milhões de habitantes ficam impunes, lamenta.




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